Cada inspiração é um flash. Uma lembrança. Uma alfinetada no coração. Cada vez que inspiro nos vejo na cama, me vejo em teus pés, sinto como se nossas pernas ainda estivessem entrelaçadas. A expiração dói. Sai rasgando esse delírio e deixando um rastro de sangue e ódio. Age como uma maldita diabetes que não deixa essa ferida aberta e purulenta na minha alma cicatrizar. Dela só sai pus. Pus e lamentos.
O momento entre uma expiração e uma inspiração é breve, e nesse momento não te vejo, pois você está num vazio de um passado. Mas depois de uma expiração vem uma inspiração, e aqui está você comigo novamente, na minha cabeça. E eu sinto ódio. De você e de mim mesmo. Odeio ter me iludido, ter sido bobo e ainda me amolecer desse jeito quando inspiro.
E então eu peço socorro. Imploro para que minha sinusite congestione meu nariz novamente e me impeça de sentir o cheiro desse meu perfume novo, que por acaso de um destino maldoso é igual ao seu.