terça-feira, 24 de maio de 2011

Exemplar

Rostos que me trazem lembranças. De toques que me trazem suspiros. De palavras que me trazem dor. São rostos enfileirados, um atrás do outro, cada um com seu traço. Cada um com sua história. Cada um com alegrias e tristezas. Rostos diferentes que no fundo são iguais: são gozo e lágrima.


                Alguns desses rostos já sumiram: manchas brancas e negras do passado. Outros de vez em quando emergem em lembranças, em ódio ou saudade – carência. Rostos que me perseguem. Rostos que já não me seguem. Rostos que não são rostos, são máscaras, são demônios ou anjos disfarçados. Sou um rosto, mas chega de rostos.
                Saturação.
                Quero um corpo. Sem rosto.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Impulso

                O impulso é nervoso. Só age, não pensa. Treme. Não hesita. É quando aquele desejo é posto em prática. É quando meus lábios tocam os teus sem as devidas consequências medidas. É aquele coração acelerado, na garganta. É aquele frio nas mãos, o estômago embrulhado com um laço vermelho. O impulso é carência, é seca, desespero. Ou é ódio, irritação, repulsa. É amor. Ou dúvida.
                Ou seria o impulso a certeza?


                O impulso é quando não resistimos mais. E até quando podemos aguentar? Por quanto tempo podemos segurar nossos lábios, nossas mãos, nossas gargantas para nós mesmos? Nossa alma. Até quanto tempo conseguimos mentir para nós mesmos, para os outros? Por quanto tempo aguentamos esse fluxo turbulento de pensamentos até que, finalmente, um impulso paralise o tempo e decida o nosso futuro? Que se ignorem os arrependimentos e felicidades.
                Só quero saber por quanto tempo aguentarei até que esse impulso me jogue sobre você.