segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Ao garçom

Havia esse garoto que parecia ter uma sede insaciável. Uma sede meio que metafórica, digamos assim. Ele tinha sede do que não tinha. Ou melhor, ele tinha sede do que não existia. Do que nunca poderia ter. Esse garoto sofria, então, de um mal chamado de desilusão. Sim, coitado, era um desiludido. Não há o que fazer, é uma doença, muito provavelmente, sem cura – até presente momento.
                O pobre garoto sentia-se manipulado por forças exteriores que o obrigavam a sentir certas emoções que ele não deveria sentir. Então ele sofria, o coitado. Sofria com a maldita boca seca. Faltava água em seu coração. Esse líquido tão misterioso, que parece ser tão inacessível, capaz de sumir com todas as rachaduras do seu músculo cardíaco.



                Então, em lágrimas, em prantos, em momentos de exaustão e preces desesperadas, o garoto pedia todas as noites, que, por favor, lhe dessem água. Que lhe dessem alguém por quem ele poderia nutrir seus mais puros e verdadeiros sentimentos sem sentir a mínima sede.
                Só um copo d’água. Com gelo.