sexta-feira, 9 de março de 2012

Lunar

O que há de mais fascinante na lua é o absurdo de sua existência. É sua forma redonda e brilhante iluminada por um sol que nem mais se consegue ver. É sua impassibilidade ali em cima, diante de toda essa dor aqui em baixo. Suas formas belas e crateras. Seu olhar hipnótico. O meu olhar hipnótico.
O que mais me fascina na lua é essa sua resistência, bravura, e força de vontade de ficar sempre em volta dessa raça que chamamos de humana. Sua coragem de ficar ali em cima, alvo de meteoros e radiação. Queria eu ter coragem de satélite.
O que na lua mais me fascina é essa sua certeza de vir após o sol. De sua capacidade magnífica de se apresentar para nós de diversas formas, apesar de se manter original por trás dessas suas máscaras. É sua fidelidade. Excentricidade. Dizem que a lua não é fonte de luz primária. Mas quem se importa? O que mais me fascina na lua é que ela tem um holofote próprio. Ela tem o sol, bem ali atrás da gente.


O que mais me fascina na lua é sua persistência. Sua perseverança de dar voltas a vida inteira, de estar sempre escapando do sol. O que mais me fascina é que ela me intimida e atrai minha admiração. E hipnotiza meus olhos. O que me fascina é que meus olhos iluminados pela lua refletem a lua, mas ela não me reflete.
O que mais me fascina na Lua é a minha existência.