quarta-feira, 30 de junho de 2010

Não confunda

Por favor, não misture tudo. Sinto se não fui claro, mas, por favor, não confunda. Não confunda amizade com algo mais. Não confunda algo mais com amizade. Uma vez certa garota de cabelos encaracolados me falou para não confundir atração sexual com ilusões de amor puro. Mas eu te peço para que não confunda amor puro com ilusão de atração sexual. Não é a mesma coisa. Saiba distinguir. Interprete-me. Entenda-me. Sim, sentimentos são coisas difíceis de serem compreendidas, mas você não se esforçou o bastante para me fazer feliz. Nem a si mesmo.
Ora, são essas confusões, tão simples e complicadas, que geram tanta infelicidade entre nós. Esse clima de tensão, indecisão, insegurança. Sejamos fortes. Tenhamos certeza, fé. Só te peço isso.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Leia as letrinhas

Tento ignorar meus sentimentos e fingir que está tudo bem. Até que dá certo, por um tempo, mas a verdade vem à tona e eu não consigo mais me enganar. É verdade. Eu sinto. Não queria sentir, mas sinto. Não sei bem o motivo, talvez algum tipo de masoquismo espontâneo amoroso. Talvez eu goste de sofrer. Ou, talvez, eu faça isso para provar a mim mesmo que não mereço ser amado. Sou puro tédio, vazio, lamentos e dor. Quem eu não magôo, me magoa. É a vida, um tipo de ciclo vicioso de amor-perda-dor-amor. E sempre há aquela atração por quem não nos quer. Sinto muito, mas é assim. A vida é assim, é como um contrato: se você nasceu, tem que vivê-la.
 Apenas não sei quem assinou tal contrato por mim.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

O amor em estado físico da matéria

Cansei de ter esse amor de montanha. De ter que desviar das pedras que descem rolando e ameaçando me esmagar. Do frio que me faz diminuir os passos. Não quero ter que montar uma barraca e esperar no acampamento o tempo se acalmar. A subida dificulta tudo, essa encosta irregular e traiçoeira, buracos, picos, pedras, gelo, tudo tão escorregadio. Dou um passo falso e tudo vai abaixo. A mochila pesa nas minhas costas, meus pés estão congelando. Eu tremo de frio, eu sofro. E esse vento que mais parece uma compressa de gelo. O pico está longe, estou sozinho, não tem ninguém para me auxiliar, nem um helicóptero para me socorrer. As noites são cada vez mais longas e os dias cada vez mais frios. Comida aqui não tem, apenas o pouco que trouxe comigo na mochila.  Pouca alma viva já sobreviveu até aqui onde estou. O pico, cada vez mais perto, cada vez mais longe, mais difícil, mais impossível de alcançar.
Preferia ser um peixe, e que o amor fosse um rio. Ali iria me soltar na correnteza, deixar que ela me levasse. Na água, eu iria fluir. Nadar livremente, sem ter que deslocar pedras, carregar peso ou encarar a falta de oxigênio cada vez maior. Na água, limpa, transparente e aconchegante, tudo seria mais fácil.
           Na água, fluiríamos juntos pela mesma corrente.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

As crianças do passado

Hoje senti saudades dos tempos em que a única saudade que eu sabia sentir era a dos meus pais quando eu ia para a escola. Do tempo em que a única tristeza irremediável era a de perder um episódio de Pokémon. Dos tempos de minha ignorância. Dos tempos da minha inocência. Dos tempos em que toda essa dor se abstraía de mim. De quanto eu não havia sofrido nenhuma perda, não havia preocupações, compromissos, responsabilidades, de quando eu não havia sofrido por amor. Do tempo em que eu nunca havia magoado alguém. Queria poder voltar àquele tempo, avisar a mim mesmo para ter cuidado. Essa vida é traiçoeira, meu camarada, eu avisaria a mim mesmo. Essa vida, meu jovem, é irônica, tem humor negro, então tenha cuidado.
Queria poder voltar no tempo para proteger aquela criança ingênua que não fazia ideia do que estava por vir, do que ela veria, ouviria, sentiria, do que ela sofreria. Coitada daquela criança, meu Deus. Onde está ela agora? Perdida nesse mundo de desgraças, onde a felicidade é um sentimento efêmero e a tristeza perene? Essa criança já não existe mais, nem essa nem as outras. As crianças, todas elas, sumiram do mundo. Preferiram ficar onde elas ficam antes de nascer a ter que dividir conosco esse lugar que chamamos de lar.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Amor puro, ou...

Que alegria contagiante de viver, que lindas são as árvores da paisagem, as crianças a sorrir no parque. Como é bom ver tua boca se desdobrar num sorriso, vendo teus dentes de alegria que me fazem querer imitar. Como é bom sentir a brisa do novo dia que me trará novas esperanças. Como é bom saber que você está na outra linha, na outra tela, me esperando sentado, deitado, dormindo, sonhando. Como é bom saber que estou em teus sonhos, que você está nos meus, que isso não é apenas um sonho. Que vontade louca é essa de viver pra sempre, de guardar pra sempre todo esse sentimento gostoso que parece que nunca vai acabar. Como é boa essa sensação de sentir prazer em todas as coisas, por mais bestas que pareçam. Como é bom ser bobo, como é bom ser bom. Como é bom te amar.
Como é bom ter fé de que isso não passa de mais uma ilusão.



Post especialmente dedicado a Cib e a todas as outras pessoas que acreditam que ainda há felicidade nesse mundo.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Guerra

Coração e cérebro são órgãos em constante guerra. Nunca descansam, esses inimigos mortais. O cérebro está sempre lembrando o coração de suas dores. Enquanto este último impede que o cérebro controle o corpo, fazendo com que façamos as coisas irracionalmente.
                Feliz é aquele que encontra a paz.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Prefira fumar

Meu coração não é forte, então, por favor, pare de fazê-lo trabalhar mais. Não posso ver nenhuma foto sua, ouvir seu nome, ler nada que me lembre você. Sou tão fraco que me lembro de você mesmo quando não há nada que me lembre você por perto. Sua memória é forte demais, penetrou nos meus músculos cardíacos e não quer sair mais. Estes tecidos estão saturados, vão arrebentar. Quero que parem de me dizer que com o tempo vou esquecer. Não vou. Isso nunca acontece. É como a fumaça do cigarro que entra em seus pulmões e fica lá para sempre, até você morrer. Há dados sobre isso, sobre quantas pessoas morrem por ano de câncer no pulmão.
Mas não há dados de quantas pessoas morrem de amor no coração.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Anestesia

Quero uma anestesia. Quero-me sentir entorpecido. Quero que todas essas sensações desapareçam com uma injeção no peito. Não no peito, pois ali já há dor demais. Não quero injeção, quero comprimido, uma coisa que desça direto pela garganta e faça logo efeito. Quero é que tudo isso vá embora, já cansei de me sentir humano.
                Já cansei de todas essas emoções humanas e tudo o que as acompanha. Tenho imaginação suficiente para supor o quão seria mais fácil, pelo menos para mim, viver sem essas emoções. Imagine só viver sem amor, tristeza ou dor. Abro mão da felicidade, sim. Abro mão do prazer. Aposto que vale a pena.
                Aposto que vale a pena qualquer coisa para não se sofrer.

sábado, 5 de junho de 2010

Estesia

Mordo meu lábio na certeza de que essa dor é controlável. Na certeza de que essa dor, ao contrário daquela que me aflige na alma, pode ser curada. Machuco minha pele com a intenção de desviar a atenção do meu cérebro, quero que ele se preocupe com esta dor, e não com aquela outra, que me aperta o coração.
Vou dormir na esperança de sonhar com um mundo onde ninguém sofre com essa doença que chamam de amor. De paixão. Nem sei bem o que é isso. Mas sempre esses sonhos, traidores, me trazem de volta à memória meus agressores, meus vírus, minhas bactérias, todos esses seres malignos que me contaminaram com essa doença.
Será incurável? Será que serei obrigado a passar por isso minha vida inteira? Não há nenhum tipo de transplante ou intervenção cirúrgica que possa nos salvar? Se ao menos essa dor fosse física...
Estas dores, as físicas, podem ser curadas. Ao contrário dessas outras que ficam aqui, num lugar que nem sabemos ao certo onde está. Mas ela está aqui. A dor está aqui.
Só queria saber se um dia ela vai embora.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Metamorfose interrompida

Estava em estado de êxtase puro. As emoções em demasiado faziam seu coração oscilar. Era alegria, energia, amor. Sentia vontade de sorrir, mas sua boca era pequena demais para o sorriso que queria dar a todos. Queria pular, mas suas pernas não alcançavam a altura que almejava. Queria gritar que amava todo mundo, mas suas pregas vocais não tinham tal potência. Queria abraçar, mas o comprimento dos seus braços não era suficiente. De fato, seu corpo era pequeno demais para a quantidade de sentimentos que comportava.
                O que sua alma queria era espaço, era liberdade de sair do seu corpo físico e ser feliz livremente, sem nenhum limite, regra, etiqueta, convenção. Sua alma queria ir atrás dos seus amigos, dos seus amores, da sua família, juntar todo mundo que amava e com quem se importava num único lugar e ficar ali para sempre. Mas a pobre alma estava trancada num casulo desprezível de vida efêmera. Não poderia ser feliz para sempre.
Sua alma estava condenada a sofrer juntamente com aquele corpo.
Pobre alma.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Nuvens se vão, amores no vão

Ele estava olhando as nuvens;
Deitado.
Ao seu lado: ninguém. Na sua frente: o céu.
O céu azul brilhantemente branco e as nuvens enoveladas de maciez.
Nuvens estas que estavam sendo observadas.
Por quem?
Por ele.
Ele olhou para as nuvens e deu um sorriso: lembrou-se de mim. Lembrou-se de mim e seu sorriso desapareceu. Rapidamente as nuvens foram juntas com seu sorriso.
O Sol também.
Com a decepção de uma lembrança desagradável vieram as estrelas.

Veio a escuridão com sua imensidão, e, de uma vez por todas, me apagou de sua memória.
Ele se esquecera de mim.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Da minha (ou nossa?) agonia

Abriu os olhos. E então viu que o tempo não tinha parado. E estava sozinho. De novo. Voltou a fechar os olhos para lembrar-se daquele olhar que o havia intrigado tanto. Aquela expressão... Era de certeza ou de dúvida? Só sabia que o tempo estava louco, como tudo foi passar tão rápido, e agora... Essa espera parecia durar uma eternidade. Por que tudo parecia sempre lhe fugir do controle? Por que tudo não poderia ser simples e...
Seus sentimentos transbordavam, mas não tinham por onde escorrer. Na verdade, não sabia realmente o que sentia, nem ao menos o que queria. Como foi parar ali? Nem sabia o que fazer consigo mesmo. Onde estava aquele frio na barriga, o aperto no coração, a sensação de sufocamento, aquela coisa presa na garganta? Ora vinham, ora desapareciam. Essa inconstância o estava deixando louco. Não agüentava mais ter sua felicidade dependente de uma mensagem, uma ligação, uma palavra, um sorriso. Queria sentir sem nenhuma obrigação ou satisfação. Queria amar, odiar, sorrir, chorar, gritar e não se preocupar com nada.
Só queria ser feliz. Era pedir muito?