Cansei de ter esse amor de montanha. De ter que desviar das pedras que descem rolando e ameaçando me esmagar. Do frio que me faz diminuir os passos. Não quero ter que montar uma barraca e esperar no acampamento o tempo se acalmar. A subida dificulta tudo, essa encosta irregular e traiçoeira, buracos, picos, pedras, gelo, tudo tão escorregadio. Dou um passo falso e tudo vai abaixo. A mochila pesa nas minhas costas, meus pés estão congelando. Eu tremo de frio, eu sofro. E esse vento que mais parece uma compressa de gelo. O pico está longe, estou sozinho, não tem ninguém para me auxiliar, nem um helicóptero para me socorrer. As noites são cada vez mais longas e os dias cada vez mais frios. Comida aqui não tem, apenas o pouco que trouxe comigo na mochila. Pouca alma viva já sobreviveu até aqui onde estou. O pico, cada vez mais perto, cada vez mais longe, mais difícil, mais impossível de alcançar.
Preferia ser um peixe, e que o amor fosse um rio. Ali iria me soltar na correnteza, deixar que ela me levasse. Na água, eu iria fluir. Nadar livremente, sem ter que deslocar pedras, carregar peso ou encarar a falta de oxigênio cada vez maior. Na água, limpa, transparente e aconchegante, tudo seria mais fácil.
Na água, fluiríamos juntos pela mesma corrente.
5 comentários:
CARAAAAAMBA LUKE me tocou de verdade, sério mesmo. VC ESCREVE MUUUUUITO BEM :D
ficou otimo, te imaginei escalando uma montanha, so que eu to com sono, você esta se superando a cada texto, te amo beijos, boa noitxe.
liindo demais >.<
Se fosse um peixe talvez tivesse que nadar contra a correnteza, nem sempre os peixes são levados por ela, os salmôes nadam contra,mas existe sua alma dissertada aqui, ficou bom.
;)
É isso, se eu fosse um peixe, me deixaria levar pela correnteza.
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