sábado, 26 de março de 2011

Na praia

Eis que vem aquela onda que traz todo o lixo para esta praia que já não era tão limpa quanto outrora. Suja as areias com toda sua imundice de memórias que não se entregam ao esquecimento. A praia fica assim, suja como minha memória, com latas e recordações que deveriam ter sido recicladas. Por aqui não há catadores de lixo ou agentes de limpeza, apenas poluentes. Andar por essas bandas já não é mais permitido, e mesmo que fosse, quem se arriscaria a pisar em alguma vergonha do passado? Quem se arriscaria a repetir os mesmos passos dos quais tanto se arrepende?


                Mas há aquelas ondas benignas. Aquelas que não trazem lixo. Aquela que traz a recordação do teu toque, do teu abraço. A onda da saudade. Que tem seu lado bom, aquela sensação boa de bons tempos; e que também tem seu lado ruim: vai embora muito rápida. É quando você percebe que era só uma onda. Não havia um amor ali, apenas água. E espuma.
                E logo depois vem o lixo.

2 comentários:

Cibele disse...

E quando a onda bate de repente e te puxa, você tenta escapar e não consegue, mas a própria onda te trás de volta à praia. Como faz com o lixo. E a própria onda lhe faz lixo.

Marinho disse...

Não vale a pena andar no meio de tanto lixo. O melhor é mesmo abandonar essa praia, e procurar alguma que esteja nova, limpa, e livre de (memórias) lixo!