quarta-feira, 13 de abril de 2011

Chuva

                Encolhi-me na chuva. Encolhi-me nos trovões. Não sei se eram trovões de nuvens se chocando ou de minha alma gritando. Nem se aquele barulho era de chuva caindo lá fora, atrás da janela empoeirada que me fecha nesse quarto frio e vazio, ou se era apenas minha alma em prantos. Não há música de amor. Só o silêncio do choro agonizante e os urros dos céus, em forma de trovões que fazem o corpo tremer – ainda mais.


               Passei essa noite em claro, no escuro. Não importa se os olhos estavam fechados ou abertos, só se via trevas. E hoje do mesmo jeito. Nesse novo dia que traz marcas da noite passada. As lágrimas indigestas que escorrem pela janela; o céu negro em escândalo e luto pelo amor; aquela sensação cinzenta. Nessa chuva é assim: não há horizonte. O futuro, a esperança, as chances de que algum dia se veja o brilho do Sol, está tudo ofuscado por uma nuvem densa que parece não planejar ir embora. Aquele hóspede incômodo.
              Então eu percebo que aquele barulho não era de água caindo no chão. Eram aplausos. Aplausos das árvores em reconhecimento de minha vitória.
              Eu ganhei.
              Consegui ser mais deprimente que essa maldita chuva de outono.

3 comentários:

Pato disse...

http://www.youtube.com/watch?v=kmbbV9fXcgc feelings

Anônimo disse...

chorei

sarinha pintao disse...

que coisa linda! vemk vem